quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006


Porque é que o Glorioso ganhou?
Ninguém ainda conseguiu explicar porque é que o Glorioso ganhou ao Liverpool.
Mesmo depois de folhear todos os sítios na rede (blogues incluídos), não consegui encontrar nenhuma explicação plausível, futebolisticamente correcta, filosoficamente coerente...
Nada!
Uns dizem que o Koeman foi cínico, outros que o Benitez foi calculista; enfim, um chorrilho de opiniões que não se aproximam da razão das razões para mais uma noite de Glória e que, modestamente, reside apenas no seguinte factor: o Benfica quer que eu vá a Anfield na segunda mão. Como o Benfica quer, eu não posso dizer que não. Não posso, não devo, não mereço, não quero.
Senão vejamos:
  1. Não posso dizer que não porque quero criticar o Koeman por insistir no Moretto; desde que me lembro é o primeiro guarda-redes do Glorioso que tem pretensões a ser defesa-central. Como gosto de jogadores híbridos, pago para ver Moretto a ponta-de-lança em Anfield Road;
  2. Não devo dizer que não porque quero ver o Gilberto Galdino dos Santos a passear-se pelo Stade de France com a Taça mais bonita desde que há taças a tapar-lhe a farta cabeleira loira que ostenta e a endireitar a marreca por força do peso do troféu; para que tal aconteça os "rapazes" precisam do meu apoio;
  3. Não mereço dizer que não porque quero ver que tipo de penteado é que o Nélson vai usar em Anfield Road; será Afro-Americano dos anos 70, será tipo Lionel Ritchie dos Anos 80 ou usará um corte à Rudd Gullit dos anos 90? Só estando lá posso apreciar qual dos estilos o cabo-verdiano (verdiano, mas por ora bem escarlate) mostrará aos bifes;
  4. Não quero dizer que não porque quero fazer parte dos milhões de portugueses espalhados pelo Mundo que vai assistir ao jogo, porque quero apreciar a cara do Benitez quando o Laurent Robert colocar dois gelados na baliza do Reina, porque quero ver a cara do Simão a olhar para aquele recinto desportivo e suspirar pelo facto de jogar todas as quinzenas num Estádio melhor, mais composto, mais cheio de indefectíveis, pessoas que não têm dinheiro para pagar a prestação do empréstimo, que refilam com o mísero salário que os patrões (essa cambada de malfeitores) lhes pagam, que deixam passar o prazo de pagamento das contas da luz, água, telemóvel, telefone, escola dos filhos, que ao mínimo deslize dizem que o Luisão não é jogador para o Benfica, que chamam nomes ao Beto, que assobiam o Simão, que compram blusões a dizer Benfica, que comem e bebem na Catedral da Cerveja, que vivem, sonham, respiram, transpiram futebol, que passam as tardes nas imediações dos locais de treino (Jamor, Estádio da Luz, Massamá - já não se treina lá), que estão a pensar em comprar casa no Seixal para estarem mais perto dos treinos, que têm casa no Seixal, que obrigam os filhos a ser do Benfica, que dizem aos amigos que antes queriam ter filhos com tendências homossexuais a serem lagartos ou tripeiros, que levam os filhos à captação com a esperança de um dia poderem ser ricos, que vão a Fátima e a Lourdes e pedem uma vitória sobre o Tourizense, que não compram os jornais quando o Benfica perde, que compram os três jornais na semana em que ganha, que chamam nomes ao treinador no sábado e dizem "O homem leu bem o jogo, eu sempre disse..." na Terça, que insultam o Orelhas, o Zé, a mãe do Zé, a mãe do Orelhas, a mãe do Gigante, o tio do Beto, que glorificam o Pringle, que adoram o António da Conceição ("Toni") ... enfim... porque sou acima de tudo: religião, credo, tribo, família, nacionalidade... BENFIQUISTA!

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