quarta-feira, 5 de outubro de 2005


O Benfica é um Ser extraordinário que arrasta multidões e agita massas.
Os outros, entenda-se, fanáticos, sócios e simpatizantes de todos os outros clubes que não o Glorioso, devem ter-se roído de inveja ao escutar um conjunto de extraordinários seres a gritar à viva alma, "Glorioso SLB" no Teatro dos Sonhos. Terão aprendido a lição?
Terão o Manuel Serrão, Dias Ferreira, Pôncio Monteiro, Miguel Sousa Tavares e seres que tais aprendido a lição?
Penso que não. Há seres que por muito que se esforcem não aprendem, não se desenvolvem, não se resumem à sua insignificância bacoca de espécies pequenas.
Não conseguem conceber que, quase quatro décadas e depois de algumas finais europeias perdidas, o Ser Supremo Sport Lisboa e Benfica continue a ser o maior embaixador de Portugal no Universo.
Aqui há um par de meses tive a sorte de ir ver o mesmo Manchester, ao tempo em digressão na Ásia, à Região Administrativa Especial de Hong Kong. Como "outsider" enverguei uma "jersey" do Centenário do Glorioso, cujo patrocinador era (deixou de ser no início desta época) o mesmo que o do Manchester. Confesso que me senti orgulhoso quando dois senhores, aparentando serem de Hong Kong, sentaram-se ao meu lado e com a maior das naturalidades apregoaram felizes: Benfica, great team!
E isto quinze anos depois da última final europeia e sete da última participação na Champions!
As memórias de infância que guardo do Glorioso são muitas. A maior parte delas de uma alegria extrema, fanática e que me marcarão para toda a vida.
Começo por lembrar-me de uma visita ao Estádio da Luz no início da década de oitenta. Da equipa titular lembro-me de alguns onze: Bento, Pietra, Humberto, Bastos Lopes e Álvaro; Shéu, Carlos Manuel, Diamantino e Chalana, Néné e Jorge Gomes.
Antes do apito inicial e depois dos famosos exercícios de aquecimento, onde quem usava fato de treino não iria certamente ser titular, conheci o Manuel Galrrinho Bento e o Tamagnini Néné. Dois ídolos de infância. Ganhámos com, pelo menos, um golo deste último.
Depois disso, jogámos contra a Roma nos quartos-de-final da Taça UEFA. Empate em Roma significou ida obrigatória ao Estádio da Luz. Catedral completamente cheia para receber a equipa italiana. Falcão é expulso por pontapear o Carlos Manuel. Passámos a eliminatória. No final, lembro-me como se fosse hoje e ainda me arrepio ao pensar que um fedelho de 6 anos num jogo daqueles podia ser facilmente esmagado, encontrava-me no túnel da famosaPorta 13 - Sócios (a dos indefectíveis) a abarrotar; um frenesim para a saída nunca antes visto; o meu Pai, grande responsável pela minha filiação (no duplo sentido), tenta à força retirar-nos (a mim e ao meu irmão) daquele perigo iminente que poderia tomar proporções trágicas; parece que estou a ver a cara de um senhor africano a gritar: "levantem os miúdos, levantem os miúdos"... e assim foi. O perigo tinha passado.
Ainda hoje quando vou ao Estádio da Luz (menos que antigamente porque a distância intercontinental não permite) e passo nos túneis de acesso me lembro da face daquele senhor, muito Samuel e pergunto: o que será feito dele?
Com toda a certeza, esteja onde estiver, ficará contente com as vitórias do Benfica.
Por tudo isto, uma vitória do Benfica é o supremo sumo da mente; é quando o cérebro muitas vezes frustrado de um quotidiano fútil, rotineiro e cansado, rejuvenesce e consegue ser ele próprio.
Aqui para nós, não sei como existiriam cérebros sem o Ser Glorioso!
Saudações gloriosas!

Sem comentários: