A chama imensa |
Atenção ao criativo |
Por ricardo araújo pereira |
QUEM será o elemento mais perigoso para o Benfica, no derby de hoje? A resposta é evidente: o nosso adversário mais criativo será o árbitro Pedro Proença. Quem se lembra do modo como, no ano passado, inventou um penalty a favor do Porto por falta inexistente de Yebda sobre Lisandro Lopez, reconhece nele um criativo com muita imaginação e capacidade de decidir uma partida. Na dúvida, Pedro Proença decide sempre contra o Benfica. Prejudicar o clube que alegadamente prefere foi a forma que encontrou de exibir uma suposta imparcialidade. Outra hipótese era arbitrar de acordo com as leis do jogo, mas é mais difícil. A comissão de arbitragem retribui nomeando-o sistematicamente para jogos importantes. É mais um factor de interesse para o jogo de hoje: como vai Pedro Proença prejudicar o Benfica para mostrar a toda a gente que é um benfiquista imparcial? Com Yebda a jogar em Inglaterra, será mais difícil, mas para Proença não há impossíveis. Repare o leitor na dualidade de critérios que grassa no futebol português: o Porto foi a Oliveira do Azeméis jogar com um desses clubes pequenos cujo relvado é reconhecidamente péssimo. O jogo foi adiado até que haja condições para jogar. O Benfica vai a Telheiras jogar com um desses clubes pequenos cujo relvado é reconhecidamente péssimo. O jogo realizar-se-á na data prevista. Pior para nós, uma vez que o Sporting atravessa um bom momento. Tem um treinador, mas comunicou a sua contratação à CMVM de madrugada e ainda não o apresentou. A primeira vez que apareceu, foi na internet — como os boatos e os vírus informáticos. É um treinador clandestino, o que constitui uma vantagem: assim, os adeptos não sabem na direcção de quem agitar lenços brancos. Há uns meses, o presidente do Sporting disse que o fundo de jogadores do Benfica era uma vergonha. Agora quer, sem grande sucesso, imitá-lo. O que desejo para o derby desta noite é exactamente isso: um resultado que os sportinguistas considerem hoje uma vergonha e que, no futuro, pretendam, sem sucesso, imitar. Não será fácil, visto que o Benfica vive tempos difíceis. O derby joga-se precisamente na altura em que o clube se vê mergulhado num escândalo. Há uns anos, se bem se recordam, a Selecção Nacional passou por escândalo muito semelhante: num estágio, os jogadores tinham estado agarrados a senhoras cuja profissão dizem ser, embora eu não concorde, pouco digna. Esta semana, calhou ao Benfica: Jorge Jesus apareceu na imprensa abraçado a uma pessoa cuja profissão é, de facto, pouco digna. Foi repugnante e esperamos todos que não se repita. Cada vez gosto mais da série Liga dos Últimos. Na semana passada, o episódio era especialmente divertido: foi preenchido com a transmissão integral de um jogo entre os Pescadores da Costa da Caparica e outra colectividade cujo nome já não recordo. O costume: treinadores patuscos, adeptos rústicos, jogadores com mais vontade que talento. Na primeira parte, os Pescadores dominaram. Os adversários não pareciam capazes de vencer onze peixeiras, quanto mais pescadores. Na segunda parte, porém, algum excesso de confiança dos Pescadores permitiu uma surpreendente reviravolta. Quem diz que nos escalões inferiores não há emoção? |
sábado, 28 de novembro de 2009
igual a si próprio (RAP n'A Bola)
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