segunda-feira, 30 de março de 2009

reflexão e cansaço

dizia Álvaro de Campos:

"No fim de tudo dormir.

No fim de quê?
No fim do que tudo parece ser...,
Este pequeno universo provinciano entre os astros,
Esta aldeola do espaço,
E não só do espaço visível, mas até do espaço total."


não é o fim deste blogue, mas apenas a entrada num período de reflexão mais ou menos longo.

ainda com o Álvaro:

"O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço..."

como se diz num Alentejo que conheço, até mais ver.

domingo, 29 de março de 2009

carlos (selva)gem

um dejá vu. voltámos ao período pré-anos 80 em que nunca nos qualificávamos e a máquina de calcular era o melhor apetrecho da equipa das quinas.
ninguém quer ir com o carlos para a selva. falta um líder. ou vários líderes como havia aqui há uns anos. aquele rapaz que enverga a braçadeira de capitão, tem jeito, faz uns malabarismos, mas para usá-la é necessário mais do que isso. falta espírito de equipa. parecemos uma manta de retalhos. Rui Costa, Figo, Pauleta, Fernando Couto, Jorge Costa fazem muita falta.
adeus áfrica do sul. lá vou ter de apelar à minha costela castelhana ou à paixão por Diego Armando Maradona, nesse certame africano.

Farinha, Alfredo

cresci com a Bílblia. cachopo, comprava religiosamente o jornal "a bola" às segundas, quintas e sábados. à segunda fazia-se o rescaldo da jornada do fim-de-semana, à quinta, da quarta-feira europeia e ao sábado lançava-se a jornada.
trissemanário "a bola" ajudou-me a aprender a ler bom português.
Alfredo Farinha, Vítor Santos, Carlos Miranda, Carlos Pinhão, Homero Serpa e Aurélio Márcio eram referências incontornáveis de bem escrever em português. a Bílblia era uma instituição que ajudou muitos portugueses a aprenderem a ler e a escrever.
verdadeiras peças literárias saíam da pena daqueles jornalistas. depois, havia o Nuno Ferrari, que foi dos melhores fotojornalistas que o Portugal da segunda metade do século passado conheceu.
hoje, partiu o Alfredo Farinha. Benfiquista confesso, tal como quase todos os que escreviam na Bíblia, deixa-nos, infelizmente, um vazio difícil de preencher. é que cada vez que abro um jornal desportivo, incluíndo a antiga Bíblia, percebo que as histórias genuínas, que muitas vezes fugiam ao lápis azul, nunca mais voltarão a ensinar as novas gerações.
paz à alma de um verdadeiro jornalista que, apesar de ser Benfiquista, nunca perdeu objectividade!

quinta-feira, 26 de março de 2009

ainda as reacções à final da taça da liga - domingos amaral

"Cozido à portuguesa
O melodrama do leão

Há cerca de mês e meio, durante um jantar em casa de amigos, dava na televisão o Belenenses-Sporting. Quando os leões marcaram os seus dois golos, um dos sportinguistas levantou-se, e gritou-me: "Tomem lá, seus chul..!"

Em vez de ficar contente, atacou o meu benfiquismo com insultos. Na altura, limitei-me a rir, pois só me incomoda quem pode, e não quem quer. Mas agora sei que se tratou de uma premonição do doentio desequilíbrio emocional que se vive este ano em Alvalade.
Como de costume, os sinais estavam lá. Vários jogadores insatisfeitos – Moutinho, Vukcevic, Veloso, Djaló – queriam sair do clube! Por sua vez os adeptos não queriam entrar, faltando aos jogos! Apesar dos bons resultados – vitória na Supertaça, boa campanha na Liga dos Campeões, luta pelo título – o mal-estar geral era notório, ao ponto de inesperadamente Soares Franco ter dito que não se recandidatava e o treinador ter anunciado a sua saída. Misteriosamente enjoada, a instituição perdia o rumo.
A humilhação dolorosa contra o Bayern, por 12-1, elevou o desequilíbrio interno a um pico febril, incluindo ameaças de morte a jogadores. Mas a infecção, carregada de pus, só rebentou finalmente na final da Taça da Liga. Sentindo o erro do árbitro como um "crime injusto", o lado irracional do leão explodiu como um vulcão. Viu-se de tudo: um jogador agrediu o árbitro e atirou a medalha fora; o treinador e vários jogadores proclamaram o crime de "roubo"; e o presidente Soares Franco, na televisão, assassinou o carácter do árbitro e, num piparote autoritário, decretou-lhe o fim da carreira.
Num golpe digno de novela mexicana, as vítimas tornavam-se agressores, exibindo um descontrolo emocional incompreensível. Com o pretexto de um erro, infelizmente banal no nosso futebol, cavalgaram "a teoria da vítima", justificando com ela actos gravíssimos e antidesportivos.
A "podridão", de que se queixa Paulo Bento, dá pois muito jeito. O clube exorcizou os seus demónios e uniu-se à volta do presidente, que até já admite recandidatar-se. Happy ending? Sim, mas só se esquecermos um delicioso pormenor, que ontem se descobriu: o golo do Sporting é precedido de uma falta sportinguista. E esta, hem? Chamem Freud e Jung, por favor! Neste melodrama irracional, o que parece fazer falta ao Sporting é um psiquiatra, que todos ouça e a todos receite calmantes."

por Domingos Amaral

segunda-feira, 23 de março de 2009

hipocrisias

está um frenesim desgraçado pelas televisões portuguesas. protagonistas: paulo bento e um tal de lucílio.
para que não restem dúvidas, não gosto, ao contrário da maioria de muitos dos que defendem causas azuis (não confundir com monarquia), de vitórias com penalties inventados ou golos ilegais. o penalty convertido por Reyes não foi ilegal. o lance, esse sim, foi mal ajuizado pelo dr. lucílio, especialista em prejudicar o Benfica.
gostava de saber onde andam os arautos da legalidade que nada disseram quando o pedro henriques descobriu uma mão intencional do Miguel Vítor contra o Nacional ou quando o pedro proença viu uma falta para penalty do Yebda sobre o lisandro. é que parece haver dois pesos e duas medidas. quando nos toca a nós, ai ai ai, que é uma roubalheira. quando são os outros, caladinhos que nem um rato para não dar nas vistas.
e mais: sem qualquer hipocrisia, gritei penalty na sequência das imagens em directo da jogada. eu e muitos dos benfiquistas que me lêem. naturalmente que, depois de ter visto as repetições exaustivas da sic, chego facilmente à conclusão de que o sportém foi prejudicado naquele lance e que, como dizia ontem o RAP na sua crónica, se o dr. lucílio, especialista em prejudicar o Benfica, estivesse colocado onde estava o marcador do golo do sportém contra o rio ave nesta mesma taça da liga, talvez tivesse conseguido aferir melhor que não houve mão e, em consequência, razão para o castigo máximo.
mas antes, alguns minutos antes do erro do dr. lucílio, especialista em prejudicar o Benfica, e conhecido pela sua ligação afectiva ao clube que prejudicou no sábado, perdoou uma expulsão ao joão moutinho e outra ao polga.
mas isso não interessa nada. o que interessa é que o Benfica é o único clube português que já ganhou todas as competições nacionais: campeonato, taça, supertaça e taça da liga.
e, apesar desse pequeno consolo, voltámos a jogar pouco, muito pouco. o Nuno Gomes continua a ter falhanços incríveis. o Aimar faz uma ou duas jogadas por desafio. por falar em fio, falta esse mesmo, o fio de jogo que já aparentámos ter no início da época, esfumou-se e nunca mais deu cor de si.
ou muito me engano ou para o ano Quique está de volta a Espanha, Rui Costa será crucificado e tudo irá recomeçar, como estamos, aliás, habituados.
de assinalar a última partida jogada pelo Suazo ao serviço do Benfica. prometeu muito, mas pouco fez. é pena. mas, Cardozo, o homem que surpreendeu tudo e todos com o penalty que marcou, terá a sua oportunidade e podemos ter alguma esperança num final de época menos penoso do que os anteriores.

segunda-feira, 16 de março de 2009

incompetência e incapacidade

quando via ou ouvia ou lia os jogos em Macau, ficava sempre com a sensação de que, ebriado pela paixão, se calhar eram demasiado exigentes e que o Benfica não jogava assim tão mal.
mas, este sábado à tarde, verifiquei que é tamanha a incompetência e a incapacidade que pouco mais haverá a dizer. não jogamos à bola. entram 11 jogadores para dentro do campo, é verdade, mas pouco mais do que isso. rasgos individuais, alguns, mas, depois, falta acutilância. não sei se o treinador dá as indicações para jogar tão mal. se não diz, então é, também ele incompetente.
faltam 8 penosos jogos para o final do campeonato. resta a consolação de podermos ganhar qualquer coisa, ainda que seja uma taça amizade.
mas, o campeonato, acabou no sábado. parabéns ao futebol clube do porto, por mais um título.

sábado, 14 de março de 2009

Mao Sete Um

não gosto de gozar com os clubes que perdem. mas tratando-se de um postal da China, é forçoso publicá-lo.

segunda-feira, 9 de março de 2009

nacionalidades e um despertador amigo

aqui há um par de anos (ou talvez menos), alguns dos destacados membros da comunidade macaense de Macau, optaram pela nacionalidade chinesa.
na altura, muitos criticaram, eu incluído, mas, agora, e em face do que se vê (ou lê) por Portugal, começo a dar a mão à palmatória.
carlos marreiros, arquitecto, foi um dos que tomou essa opção.
este fim-de-semana, em entrevista à Rádio Macau, disse estar orgulhoso da opção que fez e que não mudou nada na sua maneira de ser, justificando:
"Não deixei de ser benfiquista nem de gostar das coisas de que gosto (...)".
quando muitos dizem que o "porto é uma naçon", o Benfica está bem acima!

esta madrugada fomos à figueira. mais um capítulo do sofrimento comum a quase todos os jogos desta época. já tivemos 9 vitórias pela margem mínima. as casas de apostas começam a pagar menos para quem acerta no resultado 2-1 a favor do Benfica.
sobre o jogo, não ouvi e não vi, apesar de ter programado o despertador para acordar à hora do seu início. não sei se foi da humidade ou "derivado" a qualquer outra razão, mas o estético aparelhómetro deve ter pensado: "este gajo está farto de sofrer, o melhor é deixá-lo dormir e poupá-lo a minutos de angústia".
assim foi. mas o que não me poupou foi à ansiedade de ter acordado às 7:30 com o outro despertador e àqueles longos minutos de agonia que demorei a abrir o computador até ter visto que o nosso Benfica para a semana pode estar em primeiro lugar. o que seria uma forma digna de comemorar a minha segunda visita à Catedral esta época.

sexta-feira, 6 de março de 2009

problemas? solução

tenho andado a sentir-me mal.
dores de cabeça arreliadoras, pedidos de trabalho reduzidos à razão da crise, tempo chuvoso que não deixa ver o sol, sapatos novos que me escavacaram um calcanhar, queda de cabelo que permite ver entradas cada vez que me olho ao espelho, insónias amiúde. dei também por mim a andar e a desconfiar que tenho o pé chato, dores de costas cada vez que me levanto, ah, e problema familiares.
por tudo isso, para a semana vou a Portugal, ver o Benfica guimarães e uma semana depois estarei na final da taça com nome da provavelmente melhor cerveja do mundo.
mas, a razão principal da ida prende-se com todos os problemas que indiquei supra. já marquei com o presidente do fcp uma consulta. acho que ele ajuda a resolver problemas...